Afinal, qual a
importância da Ciência da Religião para a sociedade atual?
Vem-nos a mente
alguns pontos que podem servir de instrumento para ampliar o conhecimento dos
vários grupos religiosos com os quais convivemos dentro de um mesmo contexto
psicossocial e religioso.
Na sociedade
pós-moderna, globalizada, leis têm sido criadas com o propósito de impedir que
os indivíduos sejam discriminados por causa de vários fatores, como a opção
sexual, religiosa, político-partidária, educacional, racial, etc. Dessa forma,
o mundo tem-se tornado “uma aldeia global”, onde atitudes
preconceituosas, discriminadoras não atingem apenas os locais em que foram
praticadas tais ações. A sociedade mundial é atingida.
Cassirer (2001 p. 42)
afirma que o conhecimento humano, na atualidade, nunca o homem foi tão
problemático para si e para os seus, que em nossos dias. Produziu
“conhecimentos antropológicos de ordem científica, filosófica e teológica” e,
pouco sabe um do outro. Sua visão é critica, mas não é imparcial. “Não se
possui mais qualquer idéia clara e coerente do homem, causada pela
multiplicação das ciências particulares, mas em sua atuação confundem e
obscurecem mais que elucidam”.
Santos (2002) afirma
que o homem pós-moderno é um ser dividido entre sua vida secularizada, no papel
do profissional liberal, do professor, do cientista, do homem do mundo
negócios, das bolsas de valores, e, no entanto, é um indivíduo envolto num
emaranhado de seitas, de misticismo que é um retorno ao período remoto da
história, que crê na astrologia, no poder das pedras, nos mantras, etc.
No entanto, na Carta
de Paulo em Romanos 12.1-2 lemos: "rogo-vos pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Esse
é o vosso culto racional. E, não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja boa agradável e perfeita vontade de Deus."
Como indivíduos em
processo de transformação, diria mesmo, em mutação, precisamos rever conceitos
éticos e morais, dentro de uma perspectiva histórica, pois somos seres
historicamente inseridos no nosso tempo, que deve olhar o passado para
resignificá-lo e seguir adiante, sem repeti-los. Assim, o homem pós-moderno tem
descoberto a duras penas, que não existe liberdade sem responsabilidade, que
não pode se isolar, nem excluir-se ou excluir os outros, sob pena de não “existir
autenticamente”.
Estudar os
comportamentos dos diversos grupos religiosos em todos os lugares do planeta
abre espaço para a conscientização que leva ao respeito mútuo e a convivência
pacífica. Criar e ampliar as bases de cooperação em favor daqueles menos
favorecidos. A medida que nos tornamos esclarecidos sobre o modo de viver e o modus
operandi de cada grupo psicossocial e religioso evoluímos, livrando-nos de
condutas preconceituosas e marginalizantes sem, no entanto, perdermos nosso
referencial ético e moral. Lutando, dessa forma, contra o comodismo, a
indulgência, ao comportamento alienado e subserviente, fazendo uma releitura
desses comportamentos sociais e coletivos.
As Ciências da
Religião numa relação transdisciplinares com outros saberes das ciências
humanas e sociais, como a Teologia, a Filosofia, a História, a Antropologia, a
Sociologia, a Psicologia, etc., amplia o leque de oportunidades acadêmicas,
para os profissionais que trabalham com a educação, para líderes religiosos e
outros grupos profissionais, possibilitando um diálogo e convivência.
Possibilita ainda, uma releitura da realidade, fazendo-nos parar, sermos
agentes de mudanças, que proporcione a avaliação de opções tanto para a vida
acadêmica, profissional quanto nas relações interpessoais.
Olhar para o passado,
curar as feridas, dar resignificação aos acontecimentos e seguir em frente,
sentindo-nos como seres no mundo, inseridos no lugar em que vivemos, mas
abertos as possibilidades de interagir com os que estão ao redor, nos mais variados
graus de distância sem, no entanto, perdermos nossa identidade de cidadãos.
Sendo pessoas éticas, com padrões morais elevados, ou a partir de princípios
que possibilitem a busca por um viver autêntico, sem nos tornarmos presas e
vítimas do nosso sistema de crenças.
(Texto extraído do blog http://religare.blogs.sapo.pt/36371.html)
BIBLIOGRAFIA
CASSIRER, ERNEST. Ensaios Sobre
Homem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
SANTOS, João Ferreira. Os Desafios atuais da Teologia. Recife:
Arte Gráfica, 2002.
Cristina
Nóbrega
(aluna da
Pós-Graduação em Ciências da Religião da FATIN com acesso ao Curso de Mestrado
em Ciência das Religiões da Un. Lusófona)